quinta-feira, 8 de abril de 2010

CHICO XAVIER !!!




A Revista SUPERINTERESSANTE denigre Chico Xavier e recebe resposta de
Richard Simonetti. A edição está nas bancas com a reportagem de capa
Chico Xavier - Uma investigação: Quem foi o homem que fez milhões de
brasileiros acreditar em espíritos? Se a manchete é tendenciosa,
imagine o conteúdo. Mas, melhor que isto é a carta que Richard
Simonetti encaminhou à redação. Para quem não sabe, Simonetti é autor
de mais de 40 livros espíritas de elevada qualidade, coerência
doutrinária e confiabilidade. Vejam...

Caro Senhor Sérgio Gwercman

Diretor de redação da revista Super Interessante



Sou assinante dessa revista há muitos anos. Sempre a encarei como
publicação séria, fonte de informações a oferecer subsídios para meu
trabalho como escritor espírita, autor de 49 livros publicados.

Essa concepção caiu por terra ao ler, na edição de abril, infeliz
reportagem sobre Francisco Cândido Xavier, pretensiosa e tendenciosa,
objetivando, nas entrelinhas, denegrir e desvalorizar o trabalho do
grande médium.

Isso pode ser constatado já na seção “Escuta”, com sua assinatura, em
que V.S. pretende distinguir respeito de reverência, como se
reverência não fosse o respeito profundo por alguém, em face de seus
méritos.

Podemos e devemos reverenciar Chico Xavier, não por adesão de uma fé
cega, mas pela constatação racional, lúcida, lógica, de que estamos
diante de uma personalidade ímpar, que fez mais pelo bem da Humanidade
do que mil edições de Superinteressante, uma revista situada como
defensora do bom jornalismo, mas que fez aqui o que de pior existe na
mídia – a apreciação superficial e tendenciosa a respeito de alguém ou
de uma notícia, com todo respeito, como pretende seu editorial, como
se fosse possível conciliar o certo com o errado, o boato com a
realidade, o achincalhe com o respeito.

Para reflexão da repórter Gisela Blanco e redatores dessa revista que
em momento algum aprofundaram o assunto e nem mesmo se deram ao
trabalho de ler os principais livros psicografados pelo médium, sempre
com abordagem superficial, pretendendo “explicar” o fenômeno Chico
Xavier, aqui vão alguns aspectos para sua reflexão e – quem sabe? – um
cuidado maior em futuras reportagens.

De onde a repórter tirou essa bobagem de que “toda essa história
começou com as cartas dos mortos?”

Se as eliminarmos em nada se perderá a grandeza de Chico Xavier. A
história começa bem antes disso, com a publicação, em 1932, do livro
Parnaso de Além-Túmulo, quando o médium tinha apenas 22 anos.

A reportagem diz: “Ele dizia que não escolhia os espíritos a quem
atenderia, só via fantasmas e ouvia vozes. Mas parecia ser o escolhido
por celebridades do céu. Cruz e Souza, Olavo Bilac, Augusto dos Anjos
e Castro Alves lhe ditaram versos e prosa.”

Afirmativa maliciosa, sugerindo o pastiche, a técnica de copiar estilo
literário. O repórter não se deu ao trabalho de observar que no
próprio Parnaso há, nas edições atuais, 58 poetas desencarnados, menos
conhecidos e até desconhecidos, como José Duro, Alfredo Nora, Alma
Eros, Amadeu, B.Lopes, Batista Cepelos, Luiz Pistarini, Valado Rosa…
Poetas do Brasil e de Portugal que se identificam pelo seu estilo, em
poesias personalíssimas enriquecidas por valores de espiritualidade.

Não sabe ou preferiu omitir a repórter que Chico psicografou poesias
de centenas de poetas desencarnados, ao longo de seus 75 anos de
apostolado, na maior parte poetas provincianos, conhecidos apenas nas
cidades onde residiam no interior do Brasil. Pesquisadores constatam
que esses poemas não são “razoavelmente fiéis ao estilo dos autores”.
São totalmente fiéis.

Não tem a mínima noção de que a técnica do pastiche, a imitação de
estilo literário, é extremamente difícil, quase impossível.
Pastichadores conseguem imitar uma página, uma poesia de alguém,
jamais toda uma obra ou as obras de centenas de autores.

Afirma que Chico foi autodidata e leitor voraz durante toda a vida,
sempre insinuando o pastiche. Leitor voraz? Passava os dias lendo? Só
quem não conhece sua biografia pode falar uma bobagem dessa natureza,
já que Chico passava a maior parte de seu tempo atendendo pessoas,
psicografando, participando de reuniões e atendendo à atividade
profissional. Não conheço um único documentário, uma única foto
mostrando Chico lendo “vorazmente”. Ah! Sim! Para a repórter Chico
certamente escondia isso.

Fala também que Chico teria 500 livros em sua biblioteca e que “a
lista inclui volumes de autores cujo espírito o teria procurado para
escrever suas obras póstumas, como Castro Alves e Humberto de Campos”.

E as centenas de poetas e escritores que se manifestaram por seu
intermédio. Chico tinha livros deles? E de poetas que sequer
publicaram livros?

Quanto a Humberto de Campos, cuja família tentou receber na justiça os
direitos autorais pelas obras psicografadas por Chico, o que seria
ótimo acontecer, o reconhecimento oficial da manifestação dos
Espíritos, esqueceu-se a repórter de informar que Agripino Grieco, o
mais famoso crítico literário de seu tempo, recebeu uma mensagem do
escritor, de quem era amigo. Reconheceu que o estilo era
autenticamente de Humberto de Campos, mas que o fato para ele não
tinha explicação, já que, como católico praticante, não admitia a
possibilidade de manifestação dos espíritos.

Esqueceu ou ignora que Chico, médium psicógrafo mecânico, recebia duas
mensagens simultaneamente, com ambas as mãos sendo usadas por dois
espíritos. Desafio Superinteressante a encontrar um prestidigitador
capaz de fazer algo semelhante.

Uma pérola de ignorância jornalística está na referência sobre
materialização de Espíritos: “seria necessário produzir um total de
energia duas vezes maior do que é hoje produzido pela hidroelétrica de
Itaipu por ano, segundo os cálculos feitos por especialistas exibidos
por reportagens sobre Chico nos anos 70.” Seria superinteressante a
repórter ler sobre as pesquisas de Alfred Russel Wallace, Oliver
Joseph Lodge, Lord Rayleigh, William James, William Crookes, Ernesto
Bozzano, Cesare Lombroso, Alexej Akzacof e muitos outros cientistas
respeitáveis que estudaram o fenômeno da materialização e o admitiram.
Leia, também, sobre quem eram esses cientistas, para constatar que não
agiam levianamente como está na revista.

A repórter reporta-se às reuniões mediúnicas das quais Chico
participava como shows que o tornaram famoso e destila seu veneno.
Cita o sobrinho de Chico que, dizendo-se médium, confessou que era
tudo de sua cabeça, o mesmo acontecendo com o tio. Por que passar essa
informação falsa, se o próprio sobrinho de Chico, notoriamente
perturbado e alcoólatra, pediu desculpas pela sua mentira? Joga penas
ao vento e espera que o leitor as recolha? Omitiu também a informação
de que ele confessou que pessoas interessadas em denegrir o médium
pagaram-lhe pela acusação.

Eram frequentes nas reuniões a ocorrência de fenômenos como a aspersão
de perfumes no ambiente, algo que, deveria saber a repórter, costuma
ocorrer com os médiuns de efeitos físicos. No entanto, recusando-se a
colher informações mais detalhadas sobre o assunto, limitou-se a dizer
que em 1971 um repórter da revista Realidade, José Hamilton Ribeiro,
denunciou que viu um dos assessores de Chico Xavier levantar o paletó
discretamente e borrifar perfume no ar. Sugere que havia mistificação,
aliás, uma tônica na reportagem. Por que não foram consultadas outras
pessoas, inclusive centenas que tiveram seus lenços inexplicavelmente
encharcados de perfume ou a água que levavam para magnetizar, a exalar
também um olor suave e desconhecido que perdurava por muitos dias?

Na questão das cartas, milhares e milhares de cartas de Espíritos que
se comunicavam com os familiares, sugere a repórter que assessores de
Chico conversavam com as pessoas, anotando informações para dar-lhes
autenticidade. Lamentável mentira. E ainda que isso acontecesse, Chico
precisaria ser um prodígio para ler rapidamente as informações e
inseri-las no contexto de cada mensagem, de cada espírito,
mistificando sempre.

E as mensagens dirigidas a pessoas ausentes? E os recados aos
presentes? Não eram só mensagens. Eram incontáveis recados. A pessoa
aproximava-se de Chico e ele, sem conhecer nada de sua vida,
transmitia recados de familiares desencarnados, na condição de um ser
interexistente, que vivia simultaneamente a vida física e a
espiritual, em contato permanente com os Espíritos.

Lembro o caso de um homem inconformado com a morte de um filho. Ia
toda noite deitar-se na sepultura do rapaz, querendo “ficar com ele”.
Não contava a ninguém, nem mesmo aos familiares. Em Uberaba recebeu
mensagem do filho pedindo-lhe que não fizesse isso, porquanto ele não
estava lá.

Durante muitos anos Chico psicografou receituário mediúnico de
homeopatia. Perto de 700 receitas numa noite. Ficava horas
psicografando. E os medicamentos correspondiam à natureza do mal dos
pacientes, sem que o médium deles tivesse o mínimo conhecimento. Na
década de 70 tive uma uveíte no olho esquerdo. Compareci à reunião de
receituário. Escrevi meu nome e idade numa folha de papel. Não
conversei com ninguém. Após a reunião recebi a indicação de dois
medicamentos. Tornando a Bauru, onde resido, verifiquei num livro de
homeopatia que o dois medicamentos diziam respeito ao meu mal.
Curaram-me.

Concebesse a repórter que, como dizia Shakespeare, há mais coisas
entre a Terra e o Céu do que concebe nossa vã sabedoria, e não se
atreveria a escrever sobre assuntos que desconhece, com o atrevimento
da ignorância.

Outras “pérolas” da reportagem:

Oferece “explicações” lamentáveis para o fenômeno Chico Xavier.

Psicose, confundindo mediunidade com anormalidade.

Epilepsia, descarga elétrica que “poderia causar alheamento, sensação
de ausência, automatismo psicomotor”, segundo a opinião de um médico.
Descreve algo inerente ao processo mediúnico, que não tem nada a ver
com desajuste mental, ou imagina-se que o contato com o Espírito
comunicante não imponha uma alteração nos circuitos cerebrais, até
para que ocorra a manifestação? E porventura o médico consultado sabe
de algum paciente que produza textos mediúnicos durante a crise
epilética?

Criptomnésia, memórias falsas, lembranças escondidas no subconsciente
do médium, ao ouvir informações sobre o morto.

Inconscientemente ele “arranjaria” essas informações para forjar a
“manifestação”.

Telepatia. Aqui o médium captaria informações da cabeça dos
consulentes e as fantasiaria como manifestação do morto. Como dizia
Carlos Imbassahy, grande escritor espírita, inconsciente velhaco,
porquanto sempre sugere que é um morto quem se manifesta, não ele
próprio.

Informa a repórter que “acuado pelas críticas na Pedro Leopoldo de 15
mil habitantes, Chico resolveu fazer as malas e partir para Uberaba,
um polo do Espiritismo onde contaria com um apoio de amigos”.

Mentira. Ele deixou Pedro Leopoldo, onde tinha muitos amigos, não por
estar “acuado”, mas simplesmente seguindo uma orientação do Mundo
Espiritual, em face de tarefas que desenvolveria em Uberaba que, então
sim, com sua presença transformou- se em “polo do Espiritismo”.

Na famoso pinga-fogo a que Chico compareceu, em 1971, na TV Tupi, um
marco na história das entrevistas televisivas, com uma quase
totalidade de audiência, diz a repórter que Chico foi “bombardeado por
perguntas. Mas se safou.” Bombardeado? Safou-se? O que foi essa
entrevista, um libelo acusatório contra um mistificador? Se a repórter
se desse ao trabalho de ver a entrevista toda, o que lhe faria muito
bem, verificaria que o clima foi de cordialidade, de elevada
espiritualidade, e que em nenhum momento os entrevistadores
“bombardearam” Chico. E em nenhum momento ele deixou de responder as
perguntas com a sobriedade e lisura de quem não está ali para
safar-se, mas para ensinar algo de Espiritismo.

Falando da indústria (?) Chico Xavier, há um box sobre “Dieta do Chico
Xavier”, que jamais seria veiculada por Chico. Usaram seu nome. Por
que incluí-la nas inverdades sobre o médium, simplesmente para
denegrir sua imagem, aqui sugerindo que seria ingênuo a ponto de
conceber semelhante bobagem? Se eu divulgar via internet que
Superinteressante recomenda o uso de cocô de galinha para deter a
queda de cabelos, seria razoável que alguma revista concorrente
citasse essa tolice, mencionando a suposta autoria, sem verificação
prévia?

Falando dos 200 livros biográficos sobre Chico Xavier, a repórter
escreve: “Tem até um de piadas, Rindo e Refletindo com Chico Xavier”.
Certamente não leu o livro, porquanto não conhece nem o autor, eu
mesmo, Richard Simonetti, nem sabe que não se trata de um livro de
piadas, mas um livro de reflexão em torno de ensinamentos
bem-humorados do médium.

Não fosse algo tão lamentável, tão séria essa agressão contra a figura
respeitável e venerável de Chico Xavier, eu diria que essa reportagem,
ela sim, senhor redator, foi uma piada de péssimo gosto!

Doravante porei “de molho” as informações dessa revista, sem o crédito
que lhe concedia.

A repórter Gisela Branco esteve em Pedro Leopoldo e Uberaba com o
propósito de situar Chico Xavier como figura mitológica. É uma pena!
Não teve a sensibilidade nem o discernimento para descobrir o médium
Chico Xavier, cuja contribuição em favor do progresso e bem estar dos
homens foi tão marcante que, a exemplo do que disse Einstein sobre
Mahatma Gandhi, “as gerações futuras terão dificuldade para conceber
que um homem assim, em carne e osso, transitou pela Terra.”

E deveria saber que não vemos Chico Xavier como um mártir, conforme
sugere. Não morreu pelo Espiritismo. Viveu como espírita. E se algo se
aproxima de um martírio em seu apostolado, certamente foi o de
suportar tolices e aleivosidades como aquelas presentes na citada
reportagem.

Finalizando, um ditado Zen para reflexão dos redatores da Super:

O dedo aponta a lua.

O sábio olha a lua.

O tolo olha o dedo.



Richard Simonetti

Bauru, 3 de abril de 2010.

Um comentário:

Anônimo disse...

"As palavras convencem, os exemplos arrastam." (Santo Agostinho).
Chico Xavier era incrível ! Seus exemplos arrastam para o bem milhões de pessoas.

Ricardo Maciel