Em matéria de histórias folclóricas sobre vida pessoal e profissional, ninguém supera Tim Maia na música brasileira. Nem mesmo João Gilberto. Conviver com Tim, ainda que por poucos minutos, era garantia de levar do encontro grandes recordações – para o bem ou para o mal. O cantor e compositor que produziu sucessos do quilate de Primavera, Azul da Cor do Mar e Sossego, morto em 1998, aos 55 anos, era um rolo compressor de irreverência, transgressão e grosseria. Implicava com a aeromoça. Chamava-a em público de aerovelha. Era vaiado por entrar no palco bêbado, drogado e sem condições de cantar? Brindava a platéia com uma saraivada de palavrões. Em contrapartida, o doidão-mor da música brasileira cultivava um senso de humor do tamanho de seu corpanzil. Suas tiradas, como "Não fumo, não cheiro e não bebo, mas às vezes minto um pouquinho", dita pela primeira vez numa entrevista a VEJA, desarmavam até seus desafetos. Em outra de suas piadas, acrescentou um rabicho a um célebre aforismo do anedotário brasileiro. "O Brasil é o único país onde prostituta tem orgasmo, cafetão tem ciúme e traficante é viciado", diz a frase original. "E pobre é de direita", emendou Tim. Além disso, ele era de uma enorme generosidade para com os amigos, os parceiros e a família. Um exemplo: em sua casa, sempre cheia dos tipos mais exóticos, quem atendesse a um telefonema de um empresário contratando um show levava na hora uma porcentagem do cachê.Vários dos processos sofridos por Tim Maia decorrem daquele que era seu hábito mais notório: o de não aparecer nos próprios shows, deixando a platéia a ver navios e, às vezes, promovendo enormes tumultos. Tim agradava a todos os públicos e se apresentava tanto em casas noturnas luxuosas quanto em barracões de subúrbio. Onde quer que fosse, deixava os donos dos locais roendo as unhas e torcendo para que ele aparecesse. Certa vez, anunciado a semana inteira como a grande atração do programa Domingão do Faustão, não apareceu e a Rede Globo durante anos proibiu sua presença nos programas da emissora. Melhor sorte tinha o apresentador Chacrinha. Quando desconfiava que Tim iria dar o cano em seu programa, pedia a intervenção da mãe do compositor, de quem era amigo. Sempre funcionava. Dona Maria Imaculada, mãe de Tim Maia, era a única pessoa a quem o compositor ouvia e respeitava.
Em geral, Tim Maia faltava aos shows porque na noite anterior havia se entregado ao que chamava de "triátlon", uma maratona de uísque, cocaína e maconha, em companhia de amigos, sem hora para terminar. Freqüentemente, após um triátlon, ele até queria fazer o show da noite seguinte, mas sua voz estava inutilizada. Às vezes, Tim estragava os próprios shows, reclamando o tempo todo do técnico de som ou entrando trôpego em cena. Durante uma apresentação na boate de um hotel de São Paulo, exibia-se em estado lastimável para uma platéia de grã-finos, quando uma senhora, chocada com o espetáculo, levantou-se para ir embora. Tim não perdoou: "Já vai, dona Maria? Já vai tarde, mocréia!" E passou a conjecturar o que ela faria depois que saísse do local – coisas impublicáveis, evidentemente. Tim vivia alterado, em diferentes graus. Um hotel paulista o baniu como hóspede depois que ele protagonizou um incidente peculiar. Saiu à porta para pegar um táxi no ponto em frente e se encaminhou para o primeiro carro da fila. O motorista conversava animadamente com os colegas metros atrás e o ignorou. Como a chave estava na ignição, Tim entrou no carro, deu a partida e saiu dirigindo. Duas horas depois, estacionou o táxi nos fundos do hotel e deixou uma soma na recepção para pagar a corrida.
Em geral, Tim Maia faltava aos shows porque na noite anterior havia se entregado ao que chamava de "triátlon", uma maratona de uísque, cocaína e maconha, em companhia de amigos, sem hora para terminar. Freqüentemente, após um triátlon, ele até queria fazer o show da noite seguinte, mas sua voz estava inutilizada. Às vezes, Tim estragava os próprios shows, reclamando o tempo todo do técnico de som ou entrando trôpego em cena. Durante uma apresentação na boate de um hotel de São Paulo, exibia-se em estado lastimável para uma platéia de grã-finos, quando uma senhora, chocada com o espetáculo, levantou-se para ir embora. Tim não perdoou: "Já vai, dona Maria? Já vai tarde, mocréia!" E passou a conjecturar o que ela faria depois que saísse do local – coisas impublicáveis, evidentemente. Tim vivia alterado, em diferentes graus. Um hotel paulista o baniu como hóspede depois que ele protagonizou um incidente peculiar. Saiu à porta para pegar um táxi no ponto em frente e se encaminhou para o primeiro carro da fila. O motorista conversava animadamente com os colegas metros atrás e o ignorou. Como a chave estava na ignição, Tim entrou no carro, deu a partida e saiu dirigindo. Duas horas depois, estacionou o táxi nos fundos do hotel e deixou uma soma na recepção para pagar a corrida.
Frases
"FIZ UMA DIETA RIGOROSA, CORTEI ÁLCOOL, GORDURAS E AÇÚCAR. EM DUAS SEMANAS PERDI 14 DIAS.""DOS ARTISTAS DO RIO, METADE É PRETO QUE ACHA QUE É INTELECTUAL E METADE É INTELECTUAL QUE ACHA QUE É PRETO."
"NÃO FUMO, NÃO CHEIRO E NÃO BEBO, MAS ÀS VEZES MINTO UM POUQUINHO."
"MAIS GRAVE! MAIS AGUDO! MAIS ECO!
MAIS RETORNO! MAIS TUDO!"
QUEIXANDO-SE PARA O TÉCNICO DE SOM, NOS SHOWS
"COM OS ACORDES QUE TEM EM UMA MÚSICA DO TOM JOBIM DÁ PARA FAZER UMAS CINQÜENTA."
"AGRADEÇO À MINHA MÃE, MARIA IMACULADA, MEUS SOBRINHOS, OS PADRES CAPUCHINHOS E OS TROMBADINHAS DA PRAÇA DA BANDEIRA. APESAR DE TER FEITO UM COMERCIAL PARA A MITSUBISHI, A SHARP MORA NO MEU CORAÇÃO. BOA NOITE."AO RECEBER O PRÊMIO SHARP DE 1991
"ISSO É DESUMANO. NEM NO FUNDO MUSICAL DO XOU DA XUXA EU POSSO CANTAR. ASSIM AS CRIANÇAS CRESCEM SEM SABER QUEM É O TIM MAIA. "
COMENTANDO SOBRE A DECISÃO DA REDE GLOBO DE BANIR TIM DE TODOS OS PROGRAMAS DA EMISSORA, DEPOIS QUE ELE FALTOU AO DOMINGÃO DO FAUSTÃO
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